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domingo, 30 de janeiro de 2011

Quem não se lembra de seu Nô?


Nós no tempo de criança, oito nove anos, sempre fica guardado na lembrança algo que lhe chama atenção. Neste momento, as coisas vão acontecendo ao natural, sem darmos muita importância. Os tempos passam, você cresce, fica adulto, mas continua como criança, pensamento de quando era pequeno.

Lembro-me muito bem de um ceguinho (seu Nô) que toda sexta-feira, logo ao amanhecer vinha do Sitio Três Lagoas (será que era Três Lagoas?). Com o seu ritual de sempre: entrava na cidade descendo a rua do lado do cemitério sentido centro, pedindo uma “esmola pelo amor de Deus”.

Às vezes, vinha acompanhado, mas geralmente estava só com a sua bengala,  andando lentamente e com aquela sincronia. Quando terminava um lado da rua principal, imediatamente passava para o outro lado e começava a voltar para casa.

Nesse tempo Areial tinha casas até onde hoje fica a loja de material de construção de Marcos. A residência da gente era e ainda é defronte o Mercado Municipal.

Pois bem, quando seu Nô chegava à residência de meus pais, o relógio sempre estava marcando onze horas. Ele seguia este ritual rigorosamente todas as sextas-feiras.  Quando ele batia em nossa porta, eu saía correndo para pegar farinha, feijão ou outra coisa qualquer e  ele sempre falava:

-- Meu filho, Deus lhe pague.

Eu inocente chegava para minha mãe (Hilda) e dizia:

-- Mãe, ele disse que Deus me pagava.  Minha mãe, com aquele jeito de mulher católica fervorosa,  me falava:

-- Não, meu filho, ele está agradecendo e que Deus nos aumente cada vez mais nossa caridade e bondade.

Fui crescendo, o tempo passando e num determinado momento, passou uma semana, duas semanas e nada do ceguinho aparecer. Comecei a sentir a sua falta.  Eu naquela inocência comecei a fazer perguntas a minha mãe. Qual foi a minha surpresa, quando mãe diz:

-- Aquele ceguinho,  seu Nô, não aparece mais porque ele morreu.

Minha tristeza foi grande, pois gostava muito dele, aquele homem alto, já com suas sobrancelhas branquinhas, voz macia. Apesar de muito pobre,  sempre bem limpinho. Não sei de que família ele era, nem o seu nome verdadeiro,  na década de sessenta deveria ter uns setenta anos.

      Trecho do livro “Causos e estórias vividas pelo povo dessa terra Areial”  (a ser publicado )  


Eudes Donato

Filho de Antônio Apolinário Gonçalves e Hilda Donato Gonçalves, Funcionário Público da Empresa de Correios e Telégrafos, pesquisador, colecionador de vários itens, como gibis antigos, discos de vinil, livros sobre o cangaço, e grande acervo esportivo. Colaborador em pesquisas para a revista Placar da Editora Abril, Revista da Esperança, livro sobre o América Futebol Clube da cidade de Esperança, etc.



Um comentário:

  1. aguardo o lançamento deste livro pois sera um grande prazer em ter-lo em casa pois sera sempre uma grande recordação gravada e nunca esquecida

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