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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Escoteiros na Lagoa da Serra


Segundo acampamento, novos escoteiros.
 
Em meados do ano de 2001, mais precisamente no dia 25 de junho,  eis que uma turma de amigos e eu resolvemos por nossa “coragem” a prova e ir acampar em uma das propriedades de Dr. Pedro, a famosa Lagoa da Serra, no município de Pocinhos (a vista é deslumbrante e cheia de pinturas rupestres). Acampar nessa época era uma febre entre os contemporâneos de mesma faixa etária

Sem preparo algum, mas com o desejo de provar para nós mesmos que podíamos nos virar sozinhos (desejo de liberdade que todo adolescente almeja), saímos, de madrugada,  as seguintes caras: Thiago de Lela; Gilson (Guda), de Severino; Sérgio e Suélio,  de tia Mabel;  Gonga,  de Gonzaga; Sydnai,  de Maria de Raul; Júnior,  meu irmão,  e Eu.

Levamos um monte de suprimentos para passarmos esses dois dias, uma máquina fotográfica,  para registrarmos os momentos, uma lona preta de plástico, dessas que se usa para cobrir casas,  para ser o telhado da barraca e muita disposição e alegria.

Saímos logo cedo,  numa Paraty que minha mãe havia recém-adquirido de Luciano Barros e Gonga foi numa motocicleta branca, que Gonzaga possuía. Chegamos próximo ao local e o primeiro obstáculo era a distância onde deixaríamos os veículos, até o local no qual  iríamos acampar (cerca de uma hora de caminhada). Foi um sufoco para levar toda a quinquilharia (lampião, um rádio velho, roupas, comida e tudo o mais).

Após um longo tempo, chegamos ao pé de uma caverna onde supostamente iríamos passar a noite, mas após entrarmos em acordo, decidimos ir para um lajedo, pois era próximo da água que precisaríamos para cozinhar, tomar banho e etc.

Ao chegarmos, descarregamos as coisas e começamos cozinhar algo para comermos. Daí, percebemos que levamos as panelas, mas havíamos esquecido as tampas. A comida ficou com um gosto horrível, só fumaça, mas estava delicioso ante a fome que estávamos.

Chega a tarde e vamos procurar lenha para a fogueira à noite e para montarmos a barraca. Arrumamos uns bons pedaços de madeira e por volta das 18h nosso lar estava pronto, já sob a luz de um imponente lampião trazido por Guda.

Chega a noite e,  com ela, a  hora de acender a fogueira que nos aqueceria com seu calor enquanto jogávamos conversa fora. Conversas sobre “malassombro” rolaram a noite toda, até o sono nos pegar. Quando é hora de dormir, vamos todos para a barraca que apenas nos cabia deitado, sem que ao menos pudéssemos nos virar. Guda dormia na ponta, munido de sua “Sovaqueira” (espingarda, não mau-cheiro) para nos proteger de algum bicho que viesse nos importunar.

No outro dia, a rotina se repete. Os caçadores indo ao mato caçar algo para nos deliciarmos na fogueira à noite. Nós,  que não sabíamos caçar, escutávamos um rádio que levamos enquanto jogávamos conversa fora e assim logo passou o dia.

À noite,  caiu uma chuva inesperada. Não estávamos preparados para aquilo! Como estávamos em cima de um lajedo, rapidinho ficamos  ensopados igual frango na panela. O desespero começou a bater em alguns, pois trovejava muito, sem falar no frio insuportável que sentíamos. Um de nós saiu correndo procurando abrigo por cima das pedras (imagina o perigo de escorregar em alguma pedra, bater a cabeça... só acharíamos no outro dia). Após um longo tempo, dormimos só acordando no outro dia bem cedo.

Ao acordarmos hora de fazer o café. Acordei bem cedo e comecei a colocá-lo no fogo. Coloquei tanto café que após colocar quase meio quilo de açúcar ele  ainda continuava amargo.

Quando chegamos a Areial, para nossa surpresa, deixamos logo Sidnay em sua casa. Gonga,  gaiato como sempre,  chegou fazendo fofoca, gritando que era vendedor de prestação. A casa de Sidnay tava cheia de gente, pois sua avó tinha falecido. Imagina a vergonha que passamos depois com essa situação...

Quando fomos revelar as fotos, pra nossa surpresa, o filme não havia sido colocado direito por um de nós e simplesmente perdemos tudo que tínhamos registrado. Dois dias depois,  fomos de novo para o mesmo local só para tirar essas benditas fotos.

Enquanto subíamos em turma para as pedras para tirarmos fotos, fomos atacados por alguns marimbondos. Todos correram. Eu que vinha atrás não tive para onde correr, levei várias ferroadas de marimbondo nas costas e,  na hora do desespero, me joguei de uma pedra que tinha uns cinco metros de altura.

E essa foi nossa primeira experiência como “escoteiros”. Depois desse acampamento ainda nos aventuramos em mais três, agora mais experientes tudo correu bem. Novas pessoas foram convidadas para  nos acampar como: Patrick Custódio, Israel (Rael de Seu Ismael), Franck (da retro escavadeira), Galileu, Oberto Grangeiro e muitos outros.

Bons tempos que não voltam mais, exceto em nossas memórias...


Carlos Henrique Pereira Balbino 


Filho de Carlos Alberto Barbosa Balbino (Carlão) e de Cleide Lene de Souza Pereira Balbino. Administrador de empresas, ex-secretário adjunto de finanças do município de Areial.  Natural da cidade de Sobradinho – DF e Areialense de coração.







Um comentário:

  1. Há tempos não leio algo que me dê tanto prazer! Bom demais... Visualizei cada momento.

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