Quando não havia o matadouro em Areial, os machantes sacrificavam os animais em suas residências ou em matanças próprias em locais diferentes da cidade. Antes do abate, os animais eram cuidados, em currais específicos ou mesmo amarrados em cordas.
Lembro-me com se fosse hoje, que a matança de Zé Nivaldo era onde é hoje a casa da família de Basto Ramos, na conhecida Rua da Barragem. Muitos dos bodes, cabras, carneiros ou porcos eram tratados ali perto até o dia do sacrifício. Alguns desses animais muito bravos ameaçavam os afoitos que se aproximavam.
Uma vez Zé Nivaldo comprou uma cabra muito arisca e marrenta. Ela não era acostumada na corda e acabou se soltando, subiu para a Rua Balbino do Carmo e começou a amedrontar as pessoas. Foi uma correria só. Denei, de Antônio Ezequiel, que morava na esquina das Ruas Balbino do Carmo com Antônio Barbosa Alves, atravessou na frente da bendita chifruda a fim de impedir-lhe a passagem e arrependeu-se por isso.
O animal, ensandecido, deu-lhe uma chifrada que lhe varou a boca. Levaram-no para o hospital as pressas com a bochecha ensanguentada e aberta. Tomou vários pontos e passou alguns dias sem poder falar direito. Houve muita especulação para saber de quem foi a culpa do incidente ou se foi apenas um acidente de percurso.
Lembro ainda a correria das pessoas de minha rua, Balbino do Carmo, correndo da cabra enfurecida. Não somos espanhóis, mas já tivemos nossos dias de corrida de cabras, a la Festa de San Fermín, na cidade de Pamplona, Espanha. Só tivemos um acidente com cabras “demoníacas” e foi o bastante.
Poucos anos depois, no Governo de Arnóbio Barbosa, o matadouro público foi inaugurado e as “matanças” foram concentradas. O sacrífico dos animais passou a ser um espetáculo para os amantes do sangue e da adrenalina, porém ficaram presos com mais segurança.
Zélio Sales
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