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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A noiva do banheiro do colégio e seus olhos sedutores




É incrível o poder que uma história tem, quando nela existe o ingrediente sobrenatural. Como toda cidade pequena, Areial não poderia abrir mão de suas lendas, mitos e histórias de malassombro. Mesmo já sendo uma lenda urbana, a história da noiva do banheiro tinha sua versão made in Areial.

Nos fins dos anos 1980, a história da futura esposa fantasma voltou com força e o colégio Francisco Apolinário era o habitat natural dessa desafortunada moça, que ninguém sabe como e do que morreu, porém aparecia às suas “vítimas” trajando a roupa característica como se fosse subir ao altar ou depois de tê-lo feito.

O colégio, como sempre foi chamado o Francisco Apolinário, já era um lugar de  fantasmas. Uns ouviam vassoura cair, quando iam olhar o bendito instrumento estava no mesmo lugar que foi deixado; outros, ouviam o apagador bater por horas a fio em um quadro que ecoava por noite adentro até nos feriados.

Para acreditarem em uma noiva que assustava os adolescentes era um pulo. Detalhe: a nubente só aparecia no banheiro dos homens, embora as meninas também tivessem pânico. Lembro-muito bem que nós  segurávamos  até onde dava para ir ao banheiro ou esperava para o intervalo e ir acompanhado, mesmo sabendo que nossa companhia estava com mais medo que nós.

Um dia qualquer, ouve-se um grito. Cláudio de João Pedro da madeireira (mais conhecido como Menininho) tinha ido ao banheiro e voltava de lá mais gago do que já era, amarelo e sem voz. Havia visto “a prometida” no sanitário do primeiro bloco acenando para ele. Foi uma correria só. Quem danado teria coragem de conferir se não passava de uma invenção ou confirmar a história?

Ficou aquele impasse até que um grupo de funcionários e alunos entrou no toalete, como se fossem caça-fantasmas. Para surpresa e alegria geral da Nação, descobriu-se quem era a misteriosa noiva: uma coruja. O bicho de olhos grandes estava pousado na meia parede que dividia os banheiros e emitia seu crocitar característico.

Pronto! Estávamos salvos da noiva misteriosa? Sabíamos que não passava de uma coruja? Mentira! Mesmo achando que, naquele dia, não passava de uma coruja ninguém tinha virado corajoso da noite para o dia. Sabíamos que mais cedo ou mais tarde a misteriosa prometida estaria ali com seu vestido branco e algodão no nariz a procura de seu noivo.

Zélio Sales

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Paulo Doido e os jerimuns de Biu Fires




 Paulo doido como era mais conhecido, era criado por Severino Eleutério, assim como seu irmão Aloísio também deficiente mental. Paulo era um deficiente inteligente, apenas não sabia coordenar as palavras, respeitava as pessoas, era calmo e alegre.

No sítio de Biu Fires, todo ano se plantava milho, feijão, batata doce e macaxeira e tinha uma plantação de goiabas,  laranja, mamão e outras frutas. Vez por outra seu Biu plantava uma só cultura, ou seja, naquele ano só plantaria batata doce, para o consumo e pra vender também.

Houve um ano que Biu Fires só plantou jerimum (abobora como é mais conhecido no sul do país). E foi na plantação de jerimum que aconteceu o menos esperado: é  ai que entra o personagem da estória, Paulo doido.

A produção de jerimum foi enorme, recorde, e Paulo na calada da noite começou a carregar os jerimuns e dar ao povo na rua. Ninguém desconfiava porque Severino Eleutério também tinha sitio e plantava legumes.
                 
Paulo, todo dia, distribuía dois a três jerimuns as pessoas. Ele sempre andava empurrando sua carrocinha de mão.  Creio eu, tenho certeza que por vários
dias Paulo deu de alimentar a varias pessoas pobres de Areial.

Com o passar de semanas, o povo começou a desconfiar e a conversa chegou até Biu Fires,  que também andava desconfiado e não sabia quem era que
estava roubando seus jerimuns.
                 
Seu Biu resolve investigar por conta própria e descobre que era Paulo  Doido que estava carregando os jerimuns na calada da noite. 

Seu Biu, com muito respeito e consideração a Severino Eleutério,  resolve não falar a seu amigo e começa a preparar como chegar a Paulo e reclamar do episódio. Resolvido em falar, chega pra Paulo e diz com essas palavras:

 -- Mas, Paulo, você está tirando meus jerimuns? Faça isso não!

Resposta de Paulo nesse linguajar:

-- Deixar  lá pros outro carregar, Biu ?

Paulo era assim, simples, humilde e brincalhão.  Noutro episódio, temos o duelo de Paulo com outro deficiente mental: Gaspar.

Brevemente,  mostrarei uma foto de Paulo doido, todo de paletó  azul na  festa de padroeiro,  no pavilhão junto comigo.

Até breve.

Eudes Donato

Filho de Antônio Apolinário Gonçalves e Hilda Donato Gonçalves, Funcionário Público da Empresa de Correios e Telégrafos, pesquisador, colecionador de vários itens, como gibis antigos, discos de vinil, livros sobre o cangaço, e grande acervo esportivo. Colaborador em pesquisas para a revista Placar da Editora Abril, Revista da Esperança, livro sobre o América Futebol Clube da cidade de Esperança, etc.

Colunista do jornal Folha de Esperança

                  

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A corrida da cabra ensandecida



Quando não havia o matadouro em Areial, os machantes sacrificavam os animais em suas residências ou em matanças próprias em locais diferentes da cidade. Antes do abate, os animais eram cuidados, em currais específicos ou mesmo amarrados em cordas.

Lembro-me com se fosse hoje, que a matança de Zé Nivaldo era onde é hoje a casa da família de Basto Ramos, na conhecida Rua da Barragem. Muitos dos bodes, cabras, carneiros ou porcos eram tratados ali perto até o dia do sacrifício. Alguns desses animais muito bravos ameaçavam os afoitos que se aproximavam.

Uma vez Zé Nivaldo comprou uma cabra muito arisca e marrenta. Ela não era acostumada na corda e acabou se soltando, subiu para a Rua Balbino do Carmo e começou a amedrontar as pessoas. Foi uma correria só. Denei, de Antônio Ezequiel, que morava na esquina das Ruas Balbino do Carmo com Antônio Barbosa Alves, atravessou na frente da bendita chifruda a fim de impedir-lhe a passagem e arrependeu-se por isso.

O animal, ensandecido, deu-lhe uma chifrada que lhe varou a boca. Levaram-no para o hospital as pressas com a bochecha ensanguentada e aberta. Tomou vários pontos e passou alguns dias sem poder falar direito. Houve muita especulação para saber de quem foi a culpa do incidente ou se foi apenas um acidente de percurso.

Lembro ainda a correria das pessoas de minha rua, Balbino do Carmo, correndo da cabra enfurecida. Não somos espanhóis, mas já tivemos nossos dias de corrida de cabras, a la Festa de San Fermín, na cidade de Pamplona, Espanha. Só tivemos um acidente com cabras “demoníacas” e foi o bastante.

Poucos anos depois, no Governo de Arnóbio Barbosa, o matadouro público foi inaugurado e as “matanças” foram concentradas. O sacrífico dos animais  passou a ser um espetáculo para os amantes do sangue e da adrenalina, porém  ficaram presos com mais segurança.

Zélio Sales

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Os ciclistas para Algodão de Jandaíra


Era carnaval de 2003 e decidimos fazer uma trilha de bicicleta com destino à pedra da Canastra (do Caboclo) em Algodão de Jandaíra. Estava sem bicicleta e arrumei uma Monark com Audir Paulino.  Detalhe: a coroa havia sido modificada e estava mais leve pra se pedalar, percorrendo caminhos íngremes sem fazer muita força, mas sem velocidade no geral. 

Saímos logo cedo, por volta das quatro da manhã. Levamos alguns provimentos para passarmos um dia inteiro fora. A chuva nos aguardava e saímos em trilha. Por volta das seis horas,  avistamos a tão famosa pedra e encontramos uma senhora, que aparentemente não via gente por aquelas bandas havia muito tempo e acabou se espantando ao ver oito ciclistas chegarem próximos a sua casa.

Chegamos ao local por volta das sete da manhã. Fomos logo procurar a tão famosa caverna onde os índios se escondiam quando atearam fogo. Encontramos. Levamos uma corda para descer até lá. Chegava a uns 40 metros de altura. 

Descemos por entre as pedras escorregadias e com muito trabalho chegamos ao local. Quando voltávamos, um dos intrépidos alpinistas teve uma crise de pânico ao olhar para baixo e ali mesmo ficou. Nem subia, nem descia. Sorte que tínhamos a corda que jogamos e após algum tempo, conseguimos puxá-lo de volta para cima.

Mesmo depois dos acampamentos parece que não aprendemos a lição e passamos pelos mesmos apuros. Levamos um pouco de arroz para colocarmos no fogo. Os meninos levaram uma espingarda bate-bucha para caçar algo para comermos por volta da hora do almoço. Quando voltaram, vieram com apenas duas rolinhas pra oito bocas famintas e vorazes. Fiquei somente com a coxa de uma rolinha. Deliciosa diante da fome que estava.

Patrick de Arinaldo inventou de levar um pedaço de queijo que devia pesar uns duzentos gramas. Começou a assar esse queijo na brasa. Todos com fome esperavam ansiosamente, mas o danado do queijo inventou de cair no fogo e lá se foi, consumido pelas cinzas. Ficamos somente de água na boca.

Levamos alguns biscoitos e frutas. Ainda bem, senão...

Ao voltarmos decidimos ir pelo município para conhecê-lo. Todos nos viram com espanto quando chegamos em comitiva procurando um comércio na cidade onde pudéssemos comprar algo para bebermos. Fazia um calor infernal. Achamos um local que vendia refrigerante (caríssimo) e tinha algumas sinucas que nos divertiu enquanto estávamos lá.

Perto do meio dia decidimos ir embora voltando pela estrada que liga Algodão de Jandaíra a Remígio. Erramos o caminho e após andar por volta de meia hora decidimos perguntar a um senhor onde aquela estrada daria. O senhor nos deixou espantado quando disse que a estrada daria em Barra de Santa Rosa (muito mais distante de Remígio). Voltamos tudo e retomamos o caminho que nos levaria a Remígio. 

Depois de um bom tempo, enfim chegamos ao asfalto. Rodrigo com sua bicicleta se mandava na frente e nós tentávamos alcançá-lo. Minha bicicleta não ajudava e ao me esforçar para andar no ritmo que eles acabei tendo cãibra umas cinco vezes até chegar a Remígio. Pense num sofrimento.

Ao chegar a Remígio, fomos conhecer a Lagoa. Tinha uns manguaceiros bebendo e brincando o carnaval. Pegaram Frank pelo colo e o jogaram dentro da Lagoa.

Após uma longa jornada chegamos a Areial após cinco longas horas, num Sol escaldante, exaustos e com fome como nunca havíamos estado antes.


Carlos Henrique Pereira Balbino 

Filho de Carlos Alberto Barbosa Balbino (Carlão) e de Cleide Lene de Souza Pereira Balbino. Administrador de empresas, ex-secretário adjunto de finanças do município de Areial.  Natural da cidade de Sobradinho – DF e Areialense de coração.


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Passamos dos 5.000 acessos!!!!



Passamos dos 5.000 acessos. Hoje, completamos 5.150 entradas de blogonautas em nosso Areial Virtual. Após quase dois meses de vida, temos  71 seguidores, 51 postagens, 67 comentários,  muita interação e a certeza que nosso projeto está no caminho certo.

Porém, ele só ficará mais rico e colorido se novas pessoas começarem a  escrever e aqueles que já colaboram continuem enviando seus textos. Muito interessante as contribuições de cada um dos nossos parceiros.

Não podíamos deixar de agradecer, também, àqueles que nos enviaram suas fotos para ilustrarmos o outro braço de nosso projeto: o Orkut Areial Virtual. Queríamos agradecer o carinho e a confiança de abrirem seus álbuns familiares para nosso perfil virtual.

Aproveitamos o momento, ainda, para parabenizar a cada um de nossos colaboradores pelos belos textos. Cada um deles é um tijolo para construímos a edificação maior que é nossa história, escrita por todos, diariamente.

Muito obrigado,

Equipe Areial Virtual.